CINZA, PÓ E
PURPURINA
Quando eu
morrer vou virar cinza ou purpurina
Meus restos
vão se espalhar no mar, verde tinta
Minha
energia vai para outra dimensão
Quero ocupar
o mar, não ocupar o chão
Aqui quero
deixar lembranças e saudades
Mas feliz
irei estar longe dessa infelicidade
Ninguém vai
caminhar levando o meu sangue
Só palavras
vou deixar e cores que estanquem
Estanquem a
sangria do seu sofrimento
Devolvam a
magia pra quem vive em tormento
Que você
coloque um quadro , na parede ou na estante
Que ao olhar
suspire e recupere o equilíbrio distante
Quando eu
for embora, desejo a quem ficou aqui
Coragem pra
lutar, coragem pra intervir
Nos atos de
maldade que teimam em praticar
Na escrota
crueldade contra quem não pode lutar
Em pé de
igualdade com o carrasco opressor
Que hoje se
julga rei, mas bem rápido ao sol se por
Será bem
frágil e fraco, e possível vítima
Daquilo que
ensinou
E também se
tornará pó, mas talvez não purpurina
Talvez só
uma coisa ruim, esquecida na latrina
E pra quem
só olha flores, flores continuem a plantar
Mas saibam
que os dissabores a todos podem chegar
E se querem
deixar alguém andando nesta terra
Assumiram
compromisso de diminuir a guerra
Não adianta
uma arma, um cachorro ou cerca elétrica
Ou você é
solidário, ou então aumenta a merda
Que o belo e
a compaixão tenham sempre um lugar
E que essas
mãos que causam dor
Um dia possam se apagar